Luiz Marenco Luiz Marenco - Alma de Espelho de Rio

Para quem se olha no espelho de um rio
Na volta pras casa' num final de lida
Enxerga sua alma com olhos de espera
Além de uma imagem, no rio, refletida

A água não leva por mais que ela queira
Os sonhos tão simples que espelham-se ali
Mas leva pra sempre o que fora moço
Nas tantas enchentes que faz por aqui

Quebrou-se o espelho na sede do Baio
Desfez-se a paisagem costeira do rio
Ficou refletida na água em remansos
Saudades disformes do que, antes, se viu

Descendo a corrente, uma flor de aguapé
Prendeu-se na argola da rédea caída
Quem sabe, até seja uma alma serena
Querendo apegar-se de novo na vida

Os olhos da gente se perdem na aguada
Tentando enxergar pra além do chapéu
No branco das nuvens, um sonho distante
Das almas perdidas que vagam no céu

Apenas quem olha, assim, de olhos claros
Buscando a si mesmo no calmo da aguada
Verá, com certeza, além de uma imagem
Sua alma de campo, no rio, espelhada

Quebrou-se o espelho na sede do Baio
Desfez-se a paisagem costeira do rio
Ficou refletida na água em remansos
Saudades disformes do que, antes, se viu

Descendo a corrente, uma flor de aguapé
Prendeu-se na argola da rédea caída
Quem sabe, até seja uma alma serena
Querendo apegar-se de novo na vida