Luiz Marenco Luiz Marenco - Botando Um Pealo

Um pampa brasino mocho
Ganhou o mundo da porteira
Levantou terra por touro
E disparou na mangueira

Eu ajeitava minha armada
Quatro rodilha' e um destino
Um doze braça' de oito
Do couro de um boi salino

Zuniu o vento no céu
Bateram bombos na terra
Era um encontro ao acaso
Era um combate de guerra

Cruzou o pampa brasino
Meu laço seguiu seu rastro
Tava com fome de um pealo
Pois foi lambendo o pasto

O pampa juntou as mãos
Deu cara, volta e planchou-se
Estendeu umas dez braças
E depois acomodou-se

Parece que foi rezar
Pra o seu santo protetor
Mas o meu santo é mais forte
E ainda é pealador

Pois quando boto um pealo
Meu tirador nem faz conta
Quadro o corpo e só escuto
O estouro na outra ponta

Deixo, assim, que se estenda
Depois, que espiche meu laço
Eu ainda me governo
Seja com jeito ou no braço

Logo se vem o capataz
Com a peonada apertando
Firma a cabeça e coleia
Por que a marca vem queimando

E a faca no serviço
Por bem afiada, se guia
E deixou um risco de sangue
Coloreando na viria'

Depois, foi um e mais outro
Serviço de tarde inteira
Era um buraco no chão
Na saída da porteira

Pra resumir essa história
Vou lhes contar como foi
Quando caí, era touro
Depois do pealo, era boi

Pra resumir essa história
Vou lhes contar como foi
Quando caí, era touro
Depois do pealo, era boi
Depois do pealo, era boi