Luiz Marenco Luiz Marenco - Cada Interior

Cada interior que há no olhar da minha gente
E um rincão de sombra mansa e de sereno
É o próprio pago com sentidos de crescer
Na mesma sina de quem sabe que é pequeno

É um rancho simples e mais outro lado a lado
Barro de tempos nas paredes sem janelas
E um jeito seu, original em ser morada
Simplicidade e o que a vida deu pra ela

O arvoredo fica ao sul da encruzilhada
Rumando a estrada que se vai sem nem notar
Que quem, um dia, ganha um rumo só de ida
Espera um tanto pra, na vida, se encontrar

Mate cevado, prosa boa, até se encontra
Quando a tarde encarde o céu e a chuva desce
Água de longe, fogo escasso pras cambonas
É um, dois mates e, depois, já se agradece

Há uma esperança no florir das laranjeiras
De tempos doces, de esperar mesmo que em vão
Que a vida boa, um dia, chegue e desencilhe
E ajeite um rancho igual a tantos no rincão

Não é pecado ser feliz com pouca coisa
Quando se quer apenas vida e um pouco mais
Pois, pra quem vive um dia, assim, depois do outro
O tempo é escasso pra querer voltar pra trás

O arvoredo fica ao sul da encruzilhada
Rumando a estrada que se vai sem nem notar
Que quem, um dia, ganha um rumo só de ida
Espera um tanto pra, na vida, se encontrar

Mate cevado, prosa boa, até se encontra
Quando a tarde encarde o céu e a chuva desce
Água de longe, fogo escasso pras cambonas
É um, dois mates e, depois, já se agradece