Luiz Marenco Luiz Marenco - Firme Nos Bastos

Um dia louco de bueno
De piquetear o cavalo
Qualquer serviço na estância
Se ocupa ao cantar dos galos

Ajujo a erva do amargo
Com galhos de maçanilha
E amanso a vista do encargo
No engorde d'uma novilha

A rês está de sobreano
E a vida é quem faz sinuelo
Pra quem tropeia na lida
E ainda aparta rodeio

Costeando algum gado manso
Acalmo os xucros e ariscos
E agrupo junta à mangueira
As xergas do meu ofício

Assento bem os arreios
Pro pingo não velhaquear
Pelego, carona, lombilho
Cincha, badana e buçal

Com pose de capataz
Torcendo as tiras do sovéu
Aparo as barras do dia
Debaixo do meu chapéu

" No santa-fé do galpão
Sinais de algum picumã
Tenteando a alma da prosa
E as garras do amanhã "

Maneando as mãos da saudade
Pampeana dos milongueios
Lonqueio o pêlo do couro
Pra um barbicacho campeiro

Assim, tordilho as melenas
Mermando o peso do corpo
E afrouxo o pé no estribo
Templando os ferro' no potro

Nunca entrego os pelegos
Compondo algum parelheiro
Na cancha reta da vida
Dou trena inflando o peito

Talvez, num final de tarde
Talvez, num clarear de dia
Eu deixe a porteira aberta
Pro campo lamber a cria

Talvez, montado a capricho
Talvez, grudado nos basto'
Batendo o laço na cola
Com a soga quebrando o cacho

Talvez, montado a capricho
Talvez, grudado nos bastos
Batendo o laço na cola
Com a soga quebrando o cacho