Um gaúcho vem da fronteira
Sombreiro de palmo e meio
Com um poncho sobre o ombro
Mostrando o carnal vermelho
Vem bem firmado no estrivo
Nas mãos as rédeas trançadas
Quem será este gaúcho
Pra onde segue na estrada
Um gateado frente aberta
Franja comprida e calçado
No esteio das quatro patas
Vai cruzando no povoado
Um gaúcho maragato
Com pose de comandante
Um capataz sem sua tropa
Ou quem sabe um retirante
Um homem e seu cavalo
É um centauro entonado
Em cima vai um gaúcho
Em baixo vai um gateado
Mas é um gaúcho apenas
Arreios gastos da lida
De certo já cansou cavalos
Buscando um rumo na vida
Os olhares das janelas
Lhe dizem sem falar nada
São perguntas sem respostas
Que vão com ele na estrada
Que será que traz na alma
Alguma enchente ou estio
Passa batido em seu rumo
No curso do próprio rio
Traz o olhar destes pagos
Na sua estampa campeira
Deve ter alma de campo
Porque vem lá da fronteira!