Silêncio de vento frio
Murmúrios de pasto e lua
A estrela grande xirua
Tem fogonear de pavio
Há soluções de arrepio
Quando a noite fica branca
E a luz se torna barranca
Pra ouvir o choro do rio
O homem nasce de um grito
E a morte é tão silenciosa
Na passagem misteriosa
Que apaga o nosso infinito
Por isso que despacito
Quando a luz se vai embora
A alma se auto devora
Sem saber que estava escrito
O silêncio é a luz mais pura
No mundo onde me deparo
E a luz é o silêncio claro
Na estrada de quem procura
A escuridão é loucura
Na cancha larga da me
Apagando a luz latente
Dos olhos da criatura
No silêncio eternidade
Está o mistério da vida
Com chegada e com partida
Dois extremos da saudade
Do tempo sem mocidade
A luz é a sombra vencida
E a sombra é a luz escondida
Que o dia foi claridade
Talvez por que daí o ruído
Que a gente pensa que ouviu
Naquele choro do rio
Seja o silêncio invertido
E aquele arrepio sentido
Em nosso subconsciente
A luz da razão da gente
Buscando um elo perdido
Mesmo arrastando uma cruz
Na estrada do tempo imenso
Entre os ruídos de silêncio
Que a natureza produz
À mim o que me seduz
É o bordonear da milonga
E ao invés da vida longa
Restos de silêncio e luz